sábado, 31 de outubro de 2009

OFICINA DA PALAVRA ESCRITA II

UFBA – Universidade Federal da Bahia
Programa de Formação Continuada de Professores do Município de Irecê
Curso de Licenciatura em Pedagogia / Séries Iniciais – III Turma 2009
Professoras:Paula …..e Lícia Beltrão
Alunas - Eletícia Pereira Campos Cleidinéia Souza Oliveira


DESAFIO: UM GÊNERO E MUITAS IDÉIAS NA CABEÇA



GÊNERO: POEMA


PÁSSARO LIVRE

Vivo presa em mim,
Aprisiono todo meu ser entre paredes imaginárias,
Sou escrava do meu modelo ideal de vida,
Mas falta-me vida para idealizar tal modelo.
Como e a comida é de papel,
Bebo e o vinho não me embriaga,
e nem me conforta,
Só me mantém aprisionada.
Faz bastante tempo que perde o sentido. Será real ou possível?
Nada me completa quando estou sem você.
Nunca tive você!

CLARICE LISPECTOR


PROPOSTAS DE ESTRATÉGICAS PEDAGÓGICAS:



Com este gênero é possível trabalhar com várias propostas, como por exemplo, a estrutura do poema (versos, tipos de versos, estrofes, metrificação, ritmo, rima,ortografia, morfologia,sintaxe e função da linguagem). Além destes, também é muito interessante o trabalho com as informações intrínsecas e extrínsecas, dentro da interpretação.

SÉRIE: 6º.ano



ALGUNS EXEMPLOS:


VERSIFICAÇÃO:

O poema é composto de apenas uma estrofe e onze versos; não há a estrutura de rimas, nem tampouco há preocupação com metrificação, sendo portanto classificado como versos livres; há um repertório bastante amplo no campo da ortografia, morfologia, dentre outros. De forma contextualizada, podemos trabalhar a função linguística da escrita, como a identificação de verbos, substantivos, artigos..., acentuação, concordância, regência, as funções da linguagem, como as emotivas, as referenciais e apelativas, metalinguísticas..., também é uma ótima oportunidade para se trabalhar as linguagens figurativas. No texto é possível perceber metáforas, sinestesia e paradoxo.

OUTRAS PROPOSTAS:

Além do estudo da língua, o poema é um eficaz recurso no estudo interpretativo das informações intertextuais e extratextuais. No teatro é possível trabalhar com fantoches, sarau, com a interpretação do próprio texto na entonação (voz), na declamação. Possibilita a releitura narrativa a parti de diversos mecanismos.
Com a distribuição de cópias do texto é possível trabalhar a estrutura do mesmo, bem como todos os exemplos já citados no inicio.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

RESENHA DO FILME: CINEMA, ASPIRINAS E URUBUS

UFBA – Universidade Federal da Bahia
Programa de Formação Continuada de Professores do Município de Irecê
Curso de Licenciatura em Pedagogia / Séries Iniciais – III Turma 2009
Professoras:Rosane Vieira
Aluna - Eletícia Pereira Campos


Título Original: Cinema, Aspirinas e Urubus
Gênero: Drama
Duração: 90 min.
Ano: Brasil - 2005
Direção: Marcelo Gomes
Roteiro: Marcelo Gomes, Paulo Caldas e Karim Aïnouz

O filme aborda fatos sócio-culturais de um Brasil atrasado, em plena década de quarenta, onde o mundo vivia a agonia da Segunda Guerra Mundial. Sertão pernambucano, lugar de excessiva pobreza, povo sofrido e inocente de alma. Johan(Peter Kenath),um alemão radicado no Brasil, atravessa o país vendendo aspirinas, medicamento de patente alemã. Para persuadir as pessoas Brasil afora, este conta com a magia do cinema. A propaganda é apresentada de forma rápida, porém funciona como uma compensação milagrosa que os ajudará a aliviar as tensões da vida “dura” e ingrata do sertão. São Paulo e Rio de Janeiro, cidades lindas, cheias de gente “diferente”, estudada e modernizada, são referências primordiais dessa conquista de marketing. Com a promessa de que “ao tomar aspirina nunca mais sua vida será a mesma”, o produto é vendido indiscriminadamente.

O filme se desenrola de uma forma crítica e envolvente. Johan (Peter Kenath), se depara com Ranupho (João Miguel), no meio da estrada árida pernambucana. Desse encontro ocasional nasce uma relação de amizade não tão íntima, mas que permitirá uma troca significativa de experiências de vida. Johan ver o Brasil como um lugar de paz e de pouca ganância .Aqui, estará livre da ameaça da guerra. Ranupho , ver o sertão nordestino como sinônimo de desgraça e desgosto. Rodando estrada adentro, os dois personagens se divergem em suas opiniões; juntos, procuram formas de aliviar suas tensões emocionais em meio às insatisfações que lhes perturbam: mulheres e bebida são apresentados no filme em meio a situações engraçadas e envolventes, até que de maneira inesperada Johan recebe uma carta informando que este deveria imediatamente deixar de vender aspirinas no Brasil . A partir daí Johan precisa decidir sua vida. Que decisão tomar diante do inesperado? De uma coisa é certa, não voltaria ao seu país nas condições desumanas em que se encontrava a Alemanha.
Cinema, aspirinas e urubus é um ótimo filme para professores a partir da sétima série, pois o mesmo aborda fatores importantes do nosso Brasil atrasado da década de quarenta, como a inocência do povo nordestino, mesmo diante de tantas dificuldades sociais. O filme também mostra reflexos sócio-econômicos vividos durante a Segunda Guerra Mundial, como a necessidade de pessoas para a produção da borracha no norte do país e o que isso repercutiu na vida do povo do nordeste. Tudo isso dentro de uma linguagem cinematográfica simples, no entanto, envolta por uma beleza única, reunindo o som natural do ambiente da caatinga, da singularidade do povo nordestino e pela impressionante e bela tonalidade luz do cenário do nordeste.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

A IGUALDADE É EXCLUDENTE

A Escola hoje vem passando por significativas mudanças. É possível pensar em um ambiente escolar mais democrático, mais questionador e articulador de pensamentos. Apesar dessas mudanças estarem acontecendo ao longo do processo da formação dessa nova identidade escolar, ainda estamos longe de termos uma escola ideal, onde o que se ensina seja realmente o apropriado , o necessário e o que fará a diferença na vida dos nossos alunos. Uniformizamo-los não só com a regra da farda padrão, mas também com nossas metodologias, com o nosso olhar de educador automatizador, condicionado a ver a escola como produtora de alunos de necessidades homogêneas e imutáveis. Neste sentido, necessário se faz refletir sobre a real função da escola. É preciso ensinar o aluno a lidar com problemas e desafios concretos. Perredoud nos desperta para o papel essencial do educador, que é oferecer ao educando ferramentas para dominar a vida e compreender o mundo.
Por mais que combatamos a exclusão, contribuímos com ela quando paradoxalmente igualamos as múltiplas formas de aprender, de coordenar pensamentos, de elaborar lógicas ou até mesmo quando tratamos nossos alunos como seres portadores de necessidades igualitárias. Quando assim fazemos, perdemos ricas oportunidades de transformar a sala de aula num ambiente real de aprendizagem, onde a democracia do saber é a mola mestra para a verdadeira cidadania.

ELETÍCIA CAMPOS

sábado, 15 de agosto de 2009

Resenha Discursiva- A Distância entre Nós

Eu sou Sera,

Uma indiana dona de casa.Sou parse, uma casta privilegiada que carrega em sua história poder aquisitivo e ascensão social. Apesar de tudo isso, sou uma mulher infeliz. Tive um casamento conturbado e torturante. Durante toda a minha vida escondi da minha família e de todos, as humilhações pelas quais passei com minha sogra, Banu e meu marido Feroz; um homem autoritário e violento que buscava em suas agressões, justificativas para as obsessões e seus ataques de ciúmes. Desse casamento, nasceu Dinaz, única razão do meu viver.Ao longo do meu casamento, dividi minhas dores com Bhima, minha empregada e confidente. Embora diferentes, estávamos ligadas pelas marcas da crueldade e opressão impostas pelas circunstâncias da vida, mas num infeliz dia, por motivos dolorosos, tive de escolher entre a felicidade da minha filha Dinaz ou a companhia daquela que fora por muito tempo, meu “braço direito” nos rotineiros momentos de profunda dor e solidão em que vivia. A solidão me perseguia, mesmo ao lado de Feroz. Depois de sua morte, encontrei em minha filha e em meu esperado neto razão para continuar a vida.

Elaborada por Eletícia Campos

sábado, 27 de junho de 2009

A ALFABETIZAÇÃO NA CONSTRUÇÃO DO SER

PROFESSORA: GIOVANA ZEN
ELETÍCIA PEREIRA CAMPOS E MARIA JANETE SOUSA OLIVEIRA




“Ninguém nasce feito, é experimentando-nos no mundo que nós nos fazemos”

Paulo Freire






APRESENTAÇÕES:

Escola Municipal Tenente Wilson Marques Moitinho, inserida no centro de Irecê, no Bairro Copirecê. É uma escola de pequeno porte, abrigando 380 alunos ( em sua totalidade ).
Professora: Maria Janete Sousa Oliveira - Alfabetizadora da referida escola há 5 anos.
Turma: 1 ano
DEPOIMENTO DA PROFESSORA MARIA JANETE

“ A minha turma é composta por vinte e sete alunos com hipóteses de escrita e leitura heterogênea. Alunos com escrita pré-silábica, grafismo primitivo, silábico oral e escrito, silábico em transição e no processo inicial da escrita alfabética.
É uma turma heterogênea que possibilita propor atividades produtivas, em função do que os alunos já sabem e o que é preciso construir e ampliar. Necessário se fez, no início do ano, elaborar uma atividade de diagnóstico sobre o que as crianças já sabiam a respeito de leitura e escrita, pois só assim torna-se possível propor atividades desafiadoras, possíveis de resolver, agrupamentos funcionais, levando em consideração as hipóteses dos educandos, possibilitando uma aprendizagem que acontece de modo processual.
Sem o conhecimento, pelo menos básico, da psicogênese da língua escrita, não é possivel descobrir o que sabem e o que não sabem os alunos.Mas se esse conhecimento está disponível, o professor pode montar seus próprios instrumentos diagnósticos ( Ferreiro,2001 ).
Foi adquirindo estas consepções, que estamos tentando oportunizar aos nossos alunos aprendizes significativas para que possam avançar em suas hipóteses de leitura e de escrita”.




ESTRUTURA DO DIAGNÓSTICO

Utilizamos uma listagem de material escolar:

LIPISEIRA
CADERNO
LAPIS
GIZ
MEU CADERNO É NOVO.

Foi uma atividade realizada individualmente, sem intervenção do professor.
Como a turma é grande e só duas cursistas para aplicar o diagnóstico, não foi possível registrar todas as falas dos educandos, além disso, alguns se negavam a falar o que estavam pensando no momento em que executavam o diagnóstico.
Um dos alunos: Felipe... tem hipótese de escrita grafismo primitivo.
Os alunos com hipótese pré-silábica usam as letras para grafar as palavras; alguns não têm controle de quantidade de letras.
Défine Oliveira: Sente dificuldade no momento de grafar as palavras, está com hipótese de quantidade no mínimo de duas letras para grafar e no máximo 3:
LAPISEIRA: RIG; CADERNO: HC; LÁPIS: RIG; GIZ: XX.
ALGUNS EXEMPLOS:

JANAÍNA ALCÂNTARA :
Tem valor sonoro oral; na hora de grafar não estabelece relação fala e escrita; predominância de letras vogais:
LAPISEIRA :AIAO CADERNO :AIE LÁPIS: UAIE GIZ: IAU

RIAN Lins: Teve resistência em realizar a atividade, entrou em conflito no momento de ler a palavra novo. Ele fez assim: O; pára, pensa e desiste.


UERLES SANTOS: Entrou em conflito no momento de ler LAPEVLA; dar conta que está sobrando letras:
__E agora, o que você vai fazer?
__Apagar...Pronto!- diz ele :( LAP VEL )

DAVI MENDES: Não se sentiu à vontade para grafar as palavras. Usa as letras do seu nome. Recorreu ao alfabeto exposto na parede; ficou o tempo todo questionando quais as letras que deveria usar. Fez assim:
LAPISEIRA : VADI CADERNO : VDA LÁPIS: DADI GIZ: DI

THIAGO PEREIRA:
Está entrando na hipótese de escrita silábica com valor sonoro.Escreve caderno assim: OEBO; ler as letras, sabe que está faltando algo, só não sabe o quê. Representa giz assim: J. Como não se escreve palavras com poucas letras agrega J O A O J; como não consegue fazer a leitura de sua escrita ler o nome das letras.



PLANEJAMENTO

Área: Linguagem

Tipo de atividade: Leitura

Objetivos:

* Ler antes de saber ler convencionalmente;
* Saber o texto de memória;
* Utilizar estratégias de antecipação de checagem;
* Confrontar com os colegas as diferentes interpretações;
* Estabelecer correspondência entre partes do oral e partes do escrito, ajustando o que sabe de cor a escrita conveniente;
* Que os alunos possam refletir sobre o sistema de escrita a partir dos desafios propostos pelo encaminhamento;
*Proporcionar a parceria de aprendizagem, mediada pelo professor;
*Comparar e estabelecer regras de inclusão e exclusão de pensamentos lógicos no desenrolar das atividades;
*Trocar opiniões que proporcionem avanços de suas hipóteses.

Conteúdo: Leitura

Duração: Uma aula

Material necessário:
* Parlenda: Rei Capitão
* Papel metro
* Cola
* Alfabeto móvel




POSSÍVEIS AGRUPAMENTOS
Manter a atividade com:



Alunos com hipótese silábica, que já fazem uso do valor sonoro das letras podem ser agrupados com alunos com escrita silábica que fazem pouco ou nenhum uso do valor com:

- Silábicos com valor oral;
- Silábico oral escrito;
- Silábico alfabético ou escrita pré-selábica;
- Alfabético com alfabético.


Observação:

É fundamental que os alunos com escrita pré-silábica não sejam agrupados entre si para realizar esse tipo de atividade; para eles, é importante a interação com alunos que já sabem que a escrita representa a fala.




DESCRIÇÃO DA ATIVIDADE


Antes de aplicar a atividade, explicamos às crianças que iríamos trabalhar a parlenda: Rei Capitão. Antes mesmo que pedíssemos as crianças, em uníssono, declamaram a parlenda.
Fizemos os agrupamentos( de trio ). No começo, os alunos estavam inseguros, com medo de tentar, mas passados alguns minutos ficaram à vontade para arriscar.
Foi interessante perceber como que os mais avançados lideravam as dúvidas dos demais.
Percebemos, em vários grupos, a iminência da dúvida em conflito com a lógica. Eles iam por caminhos surpreendentes. Por exemplo: capitão é uma palavra grande, portanto tem muitas letras, uma das crianças, já bastante avançado tentando ler a palavra moça. leu moca, como ele sabia que tinha moça na parlenda, disse: __Não é moca não, é moça, por causa desse “bichinho” aqui...( era a cedilha ). Muitos foram pela pista mais óbvia: a letra inicial e a última letra das palavras, enfim, cada um procurava uma lógica para suas deduções. Os conflitos foram vencidos em um processo natural de trocas e questionamentos. Vencidas todas as barreiras e enfim montadas todas as parlendas, as crianças se sentiram orgulhosas e felizes pelo feito. Por fim colaram as parlendas em um pedaço de papel metro ( cada grupo ) e realizadas, cada uma colocou seu nome como se fosse uma prova de que elas podem e estão realmente aprendendo.




CONSIDERAÇÕES FINAIS

Foi um trabalho gratificante. Durante todo o percurso do trabalho, pudemos perceber como é complexo o processo de alfabetização. No diagnóstico, as crianças se comportaram de forma reflexiva. Cada uma elaborava suas hipóteses com muito cuidado. Quando pedíamos para interpretar o que escreviam, muitos eram seguros de suas construções, outros mergulhavam em suas reflexões aproveitando aquele momento para revisar o que escreveram e por fim arriscar a leitura. É interessante perceber que muitas vezes as contradições que as crianças enfrentam é o que as levam ao avanço de suas hipóteses.
Quanto a atividade esta foi desenvolvida com muito entusiasmo. Explicamos todos os procedimentos. De como a atividade iria acontecer. Feito os grupos, cada um começou suas tentativas. Os mais avançados ajudavam os outros, explicando o porquê de estar certo ou errado. É realmente magnífico o processo natural e espontâneo do aprender. A busca pela compreensão de como funciona o sistema alfabético é permeado de interrogações que serão vencidas nas práticas de leitura, nas indagações que só serão respondidas com o tempo, no tentar, no fazer acontecer.
Em discussão sobre essa experiência, que já é corriqueira em nossa profissão, refletimos sobre os percalços os quais enfrentamos no dia-a-dia em sala de aula. São muitos os problemas que enfrentamos em contra partida à nossa vontade persistente de fazer um trabalho que seja realmente bom e que valha para todos. Alfabetizar é acima de tudo um ato de amor. Como diz Rubem Alves:

"O que é que se encontra no início? O jardim ou o jardineiro? É o jardineiro. Havendo um jardineiro, mais cedo ou mais tarde um jardim aparecerá. Mas, havendo um jardim sem jardineiro, mais cedo ou mais tarde ele desaparecerá. O que é um jardineiro? Uma pessoa cujo pensamento está cheio de jardins. O que faz um jardim são os pensamentos do jardineiro. O que faz um povo são os pensamentos daqueles que o compõem."

Havendo o mediador que trabalhe com amor, no jardim da infância, é possível sim colher lindas flores. Mais cedo ou mais tarde flores aparecerão; cada uma com sua cor, sua originalidade, sua beleza. O que faz uma sala de aula avançar é a vontade de dar certo. As crianças precisam estar motivadas, perceber-se capaz. Quando damos o ponto de partida, cada uma delas procura estratégias significativas para alcançar o ponto de chegada. O importante é não desistir!Alfabetizar é acima de tudo um ato de amor.



REFERÊNCIAS :



pt.wikipedia.org/wiki/Rubem_Alves ( Acesso em: 23 abril 2009 )
Alfabetização: Parâmetros em Ação: Ministério da Educação

segunda-feira, 22 de junho de 2009

“O narrador conta o que ele extraí da experiência – sua própria ou aquela contada por outros. E, de volta, ele a torna experiência daqueles que ouvem sua história”
Walter Benjamin

FRAGMENTO MEMORIALÍSTICO

MEUS PRIMEIROS ANOS

A ESCOLA

(...)

Não me lembro quanto tempo foi preciso para adaptar-me à escola, mas sei que não foi muito, pois logo o ambiente escolar tornou-se um lugar de alegria para mim. Eu era uma criança esperta e curiosa, mas ao mesmo tempo displicente e sonhadora. Não me lembro como fui alfabetizada (infelizmente), porém, recordo-me da minha insistência em organizar os números em suas sequências, na ordem de zero a cem. Era difícil entender, por exemplo, o porquê de depois de vinte e nove ser trinta e não vinte e dez. Foi uma verdadeira luta elaborar a forma convencional seqüenciada dos números. Quando recordo das horas que eu dedicava á construção dessa lógica, percebo o esforço tamanho da criança em absorver essa linguagem, que é por natureza, instigante e complexa.

domingo, 21 de junho de 2009

LINGUAGEM FÍLMICA

O NOME DA ROSA

A RELATIVIZAÇÃO DO DISCURSO CIENTÍFICO NOS CONTEÚDOS ESCOLARES

Sem dúvida um filme bastante provocativo. Retrata o passado da Igreja Católica no século XIV, também chamado do século das trevas. Numa época em que a ideologia religiosa aceita na Europa era tão somente a voltada para as crenças cristãs vinculadas à Igreja Católica apostólica Romana. Tudo era explicado dentro do fundamento bíblico. Até as Ciências eram manipuladas por essas correntes. Na ficção, o monge Italiano William de Baskerville, conhecido pela sua perspicácia e inteligência fora chamado ao mosteiro para desvendar os crimes consecutivos que estavam acontecendo. Baseado em lógicas científicas, sua tese não foi aceita, desenrolando assim um clima de conflitos e punições em todo enredo do filme. O Nome da Rosa é uma boa proposta para trabalhar as questões subjetivas em sala de aula. Infelizmente meus alunos não têm maturidade suficiente para entender o contexto fílmico, para entendê-lo é necessário que os mesmos tenham o mínimo de conhecimento historico sobre o assunto, assim o filme ganha sentido e pode ser compreendido.

sábado, 20 de junho de 2009

Fragmento memorialístico

SÃO JOÃO
A ALEGRIA DA GAROTADA

A alegria da garotada, o balão vai subindo, vem caindo a garoa. O céu é tão lindo e a noite é tão boa. São João, São João! Acende a fogueira no meu coração. (A Alberto Ribeiro e João de Barro).

Os dias de São João eram de alegria e muita diversão. Como meu pai tinha um pequeno comércio, para nós a festa era completa. Em meio a euforias e traquinagens, quase sempre acabávamos nos machucando com os traques, chuvinhas e bombinhas que eram estouradas com gritos de emoção e felicidades.

Minha mãe fazia deliciosas festas juninas, para todos da rua. Quando me lembro desses momentos sinto uma grande nostalgia dos tempos de criança. Era um tempo de pura magia onde o mundo parecia pequeno diante de tantas coisas boas que vivíamos e fazíamos. Como era bom o forró no meio do salão! Era compensador ver as senhoras idosas, amigas dos meus pais, se divertindo, dançando, sorrindo. Ali, os sanfoneiros pareciam incansáveis. Nós, crianças, corríamos no meio do salão, nos divertíamos em volta da fogueira esperando a hora final para catarmos o que sobrava de sua queda, pois os adultos era quem lucrava na tão competitiva busca de dinheiro ou algo de valor que eram pendurados em seus galhos secos.

domingo, 3 de maio de 2009

AS HISTÓRIAS DE VIDA COMO PRÁTICA DE FORMAÇÃO

Quando vivenciamos nossas histórias de vida nos registros de formação estamos aí reconstruindo nossa identidade de forma reflexiva e mediadora da nossa própria prática. Segundo Thompson, 1998:
“Recordar a própria vida é fundamental para nosso sentimento de identidade; continuar lidando com essas lembranças pode fortalecer ou recapturar a autoconfiança”.
O registro por si só não constitui reflexão. O ato de escrever requer um exercício investigador das intenções que ficam nas entrelinhas do que escrevemos. Como afirma (TEBEROSKY, 1996, p.23):

Quando a mensagem não é somente um meio, mas assume a qualidade de um objeto, quando os usuários não só interpretam ou repetem a mensagem, mas também a produzem ou a contemplam, então o ato de escrever assume novas funções. Estas não são funções exteriores, voltadas para o mundo, mas sim interiores: escrever e escrita melhoram, e o produtor da escrita se vê afetado por seus próprios produtos.


Nesta perspectiva, a escrita constrói não só histórías de vida, mas histórias capazes de impulsionar o sujeito a sua auto-evolução.
Vejo a construção do Memorial como “peça principal” da minha Formação. Através dele acredito que terei uma trilha a percorrer, Esses caminhos não são necessariamente lineares. Nas idas e vindas das minhas lembranças posso perceber, identificar, reconstruir e ressignificar minha postura como ser protagonista da minha história, assim como posso também refletir o meu eu - professora a partir do que fui no papel do eu - filha, aluna, ou simplesmente como criança inserida em minha comunidade local. Como diz (SEVERINO, 2001: 175):

O Memorial constitui, pois, uma autobiografia configurando-se como uma narrativa simultaneamente histórica e reflexiva. Deve então ser composto sob a forma de um relato histórico, analítico e critico, que dê conta dos fatos e acontecimentos que constituíram a trajetória acadêmico-profissional de seu autor, de tal modo que o leitor possa ter uma informação completa e precisa do itinerário percorrido (SEVERINO, 2001: 175)


Escrever nossas memórias nos remete ir além do que redigimos. Ao escrever, exercitamos nossa capacidade de nos reconstruir, reinterpretar e refazer nossas histórias pessoais. Vivenciando a experiência da análise do eu numa perspectiva de fatos passados também nos compreendemos como sujeitos coletivos inseridos e atuantes na sociedade.
Toda e qualquer lembrança que para nós tem certo grau de importância, onde através dela podemos traçar trajetórias reflexivas em conexão com a nossa prática é bem vinda na construção de um Memorial. Lembrar o passado ao mesmo tempo em que refletimos o presente é a maior prova do auto-crescimento profissional e acadêmico.
Ao relatar experiências e fatos vividos, relaboramos novos sentimentos e sensações. Uma história de vida na perspectiva de memorial deve ser pautada em torno do real e do imaginário. Do real porque é de nós que estamos falando; logo, somos seres reais imbuídos de convicções que nos identificam e do imaginário pela idealização das experiências que passamos ao longo da vida, conforme nos afirma (Bosi, Ecléa, 1979):

A experiência, ao contrário da vivência, é refletida, pensada, e pode-se tornar algo consciente que construirá uma nova identidade, ou seja, um outro jeito de olharmos e pensarmos o mundo. Para ilustrar, seria possível dizer que é como olhar a vida através de um “retrovisor”, dando a chance de enxergar determinadas dimensões de nossa vida e refletir criticamente sobre o significado delas em nossa trajetória, tendo como vantagem o distanciamento temporal.


Esse texto faz parte de um trabalho apresentado à Prof. Márcea Sales, em 2008.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Software Livre: Um Novo Olhar

Durante as entrevistas, percebi que o Software Livre em Irecê está tomando proporções significativas no campo da informação, conhecimento e democratização do saber. Ainda não é um conhecimento elaborado, que englobe toda uma política do que realmente seja o Software Livre, mas percebe-se já opiniões formadas a respeito do assunto. Todos os entrevistados perceberam vantagens no S. L, mas o que me chamou atenção é que nenhum deles ( pelo menos nos que pude estar junto ) pontuou a verdadeira política do Software Livre, que é justamente a democratização do saber, pois este é, em sua essência, um software realmente dinâmico, onde o acesso ao seu código fonte é a prova real da sinergia cooperativa aqui formada. É a busca de uma nova postura no campo da tecnologia: A “desmonopolização” do direito de saber e do saber.
Professora Responsável: Bonilla

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Entrevista feita com Jonas Santos, gerente da loja Maia de Irecê

O senhor Jonas Santos diz usar o software livre a quase um ano,mesma época em que a loja foi instalada aqui, em Irecê. Não houve uma total migração. A loja tanto usa o software livre como o Windows. Quando perguntamos das vantagens que ele consegue perceber, em relação ao software livre , seu Jonas foi prático em sua resposta: “A praticidade de poder abrir vários arquivos ao mesmo tempo”. Quanto às desvantagens? _O linux só pode ser usado com o mouse - diz senhor Jonas.
O software privado é usado para questões financeiras. O pessoal da loja não teve capacitação. A adaptação veio com a prática cotidiana. Em relação à manutenção, esta é feita por um técnico de João Pessoa. Ali, a empresa tem um centro de tecnologia que assiste todas as demais.
Nesta entrevista, percebemos um diferencial da loja Maia em relação às outras: Todos os computadores já vêm o firefox, ficando, portanto, sob a vontade do cliente querer ou não.Apesar do interesse da loja, os clientes preferem retirar o firefox e deixar apenas o Windows . Em meio à conversa, discutimos os por quês da repulsa dos clientes. Acreditamos que talvez seja pelo desconhecimento das vantagens do software livre, o medo do novo.

O Software Livre & Ponto de Cultura de Irecê

Entrevista feita com Rita.de Cássia..-Funcionária do Ponto de Cultura

De acordo com Rita..., o Software Livre chegou no Ponto de Cultura através de um projeto elaborado pela UFBA ( Universidade Federal da Bahia ) em 2003.Os computadores já chegaram em Software Livre. O sistema utilizado é o Ubunto. Os aplicativos são o open office, gráficos, áudio e vídeo. O open office é o editor de texto, presentação e planilha eletrônica. O gimp é o editor de imagem...A manutenção é feita pelos próprios funcionários e voluntários do Ponto de Cultura.
Rita de Cássia diz que é adepta ao software livre pelas vantagens e seguranças que o mesmo oferece. Com muita segurança, nos falou dos quatro princípios ( liberdades ) do software livre:
*A liberdade de executar o programa para qualquer propósito;
*A liberdade de estudar como o programa funciona e adaptá-lo para as suas necessidades. Acesso ao código fonte é um pré-requisito pra esta liberdade;
*A liberdade de redistribuir cópias de modo que você possa beneficiar o próximo;
*A liberdade de aperfeiçoar o programa e liberal os seus aperfeiçoamentos de modo que toda comunidade se beneficie. Acesso ao código fonte é pré-requisito para essa liberdade.
“O interessante do software livre é que se pode utilizá-lo paulatinamente, sem instalá-lo, fazendo apenas o but”, diz Rita de Cássia.

domingo, 19 de abril de 2009

RECOMEÇAR

Pai, tá difícil manter o caminho
Tenho andado em meio a espinhos
Nem sempre é tão fácil acertar.
Pai, emoções descalçam os meus pés
Me roubando em meio a cordéis
Que me enlaçam em minhas fraquezas.
Pai, eu nem sei o que te falar
Mas, eu quero recomeçar
Me ajuda nesse instante.
Preciso da tua mão
Vem me levantar
Faz-me teu servo Senhor
Me livra do mal
Quero sentir o teu sangue curar-me
Agora meu Senhor, vem restaurar-me.

ALINE BARROS